:: ArtigosA importância de investir em estratégias digitaisDavi Cunha18/02/2019 14:44:00No
atual cenário de início da retomada econômica do Brasil, diferentes empresas
estão buscando formas de crescer, alcançar novos públicos e se tornar mais
valiosas. O relatório Focus aponta que o país deve crescer aproximadamente
2,57% esse ano e as previsões de que a Selic deve continuar em 6,5% não trazem
perspectiva de crescimento acelerado no consumo. Logo, é necessário pensar cada
vez mais em formas de rentabilizar os negócios sem necessariamente contar com
um consumo expressivamente maior.
Esse
crescimento, como muitos já puderam perceber, passa pelo investimento em
tecnologia. Mas, a diferença entre quem realmente está ganhando vantagem
competitiva versus quem está apenas ganhando produtividade passa por um ponto
que vai além de técnicas conhecidas no mercado, tais como incorporar robôs e
otimizar fluxos de trabalho: é necessário migrar a estratégia de negócios do
modelo analógico para um primariamente digital.
Provas
do sucesso que esse novo modelo pode proporcionar no varejo brasileiro estão
aos olhos de todos: Magazine Luiza e Amaro, por exemplo. Com um olhar atento ao
consumidor e disposição para transformar os modelos de negócio atuais,
conseguiram colher bons frutos. Além da popularidade, a gigante de
eletrodomésticos, por exemplo, conseguiu aumentar em mais de 15.000% o valor de
mercado da companhia no período de 2015 a 2018.
Resultados
como esse estão apoiados na escala que o modelo digital proporciona. Enquanto
companhias analógicas ainda estão preocupadas em fazer a receita aumentar
focando somente no produto que já oferecem – aumentando a rede de atuação e
investindo num estoque diversificado, por exemplo – empresas digitais conseguem
explorar novas fontes de receita a partir do modelo de negócio atual,
alavancando entre outros um ecossistema de parceiros, e toda a escala dos
canais digitais.
Em
um ambiente que muda cada vez mais rapidamente, a atenção ao consumidor e ao
ambiente macroeconômico é fundamental, especialmente no varejo. E isso, é
claro, vai muito além de febres instantâneas como os chatbots. Lojas de roupas,
por exemplo, podem alavancar a oferta de serviços financeiros, investir
em novos programas de relacionamento, cashback e na própria oferta de crédito
aos consumidores, com o potencial até de oferecer taxas de financiamento
relativamente menores do que empresas financeiras, por exemplo.
Contudo,
atingir o nível de maturidade para analisar os negócios sob essa nova
perspectiva ainda está longe ser um senso comum. Em uma linguagem técnica:
sistemas legados, pilhas de software, ERPs, dados fragmentados entre múltiplos
sistemas, camadas de middleware construídos para o mundo analógico são apenas
alguns exemplos de entraves atuais para o avanço do modelo digital nas
companhias brasileiras. Mudar o mindset
e estabelecer uma cultura orientada ao digital são fundamentais.
Não
é difícil ver o papel do departamento de TI em segundo plano, trabalhando no
modo reativo e esperando problemas acontecerem para serem capazes de tomarem
decisões. Ainda hoje, a máxima de que “80% do orçamento de tecnologia é gasto
com manutenção” ainda parece persistir.
Enquanto
isso, empresas que já assimilaram a necessidade de mudar a forma de venderem
seus produtos e serviços com o máximo de inteligência e o mínimo de burocracia
– fintechs, por exemplo – nadam "de braçada", criam novos modelos de
negócio e ganham share de mercado com serviços eficientes, infraestrutura
otimizada e custos reduzidos. Para liderarem este processo de transformação as
empresas terão que conhecer muito bem seus clientes, trabalhar de modo
eficiente com dados, analytics,
inteligência artificial e entregar produtos e serviços extremamente
personalizados.
É
preciso estar atento. Com consumidores cada vez mais exigentes, o espaço para
serviços e modos de negócio analógicos tendem a perder cada vez mais espaço na
sociedade global. Empresas que não forem capazes de investir em remodelagem de
suas áreas de negócios, para obterem ganhos de escala através de modelos
digitais e baseados em plataformas, tendem a desaparecer em breve.
Os
benefícios são vários e com certeza vão além do Brasil que é possível projetar
em curto prazo. Agilidade e eficácia trazem mais transparência para as
companhias e são fundamentais para medir o impacto de suas ações e estratégias
em longo prazo. E para tal, a tecnologia passa a assumir um papel decisivo
dentro das organizações. A própria Magazine Luiza é um excelente exemplo de
companhia que se auto-intitula “Uma empresa brasileira, que desenvolve
tecnologia e que tem o varejo na alma.”
O digital é mais do que uma alternativa para
gerar mais produtividade. É a inovação capaz de impulsionar a criatividade de
um país tão rico como o que vivemos, gerando resultados e proporcionando às
empresas uma nova alternativa de crescimento.
Davi Cunha é head de Digital Banking da Sciensa
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