A
biblioteca comunitária surge da iniciativa de cidadãos comuns. Começa pequena e
com poucas doações. Logo se torna ponto de encontro da comunidade.
Realização
do sonho de quem descobriu o prazer da leitura e tem ainda mais prazer em
partilhar conhecimento, a biblioteca comunitária exerce papel de integração
social e cultural. Criada por gente da comunidade e onde a comunidade está,
atrai leitores de todas as idades que não têm medo de expor suas deficiências.
Eles estão em casa.
Uma ação pró-leitura
A
pesquisa Retratos da Leitura no Brasil/2012, do Instituto Pró-Livro, revelou
que o brasileiro lê em média quatro livros por ano e apenas metade da população
pode ser considerada leitora.
Segundo o
Inaf 2011(Indicador de Alfabetismo Funcional), a cargo do Instituto Paulo
Montenegro e da ONG Ação Educativa, 26% da população entre 15 e 64 anos têm
domínio pleno da leitura e da escrita.
Em
dezembro de 2012, a ONG Crescendo Feliz abriu sua sexta biblioteca comunitária.
A Biblioteca Léo do Peixe integra o projeto Um Pé de Biblioteca e homenageia o
pescador já falecido que criou um clube de leitura para crianças e adolescentes
do bairro Cidade Jardim, na periferia de Pirapora (MG).
Idealizada
por um grupo de profissionais cariocas, a organização nasceu de um projeto
esportivo para crianças com necessidades especiais. Em 2004, estendeu o
trabalho ao desenvolvimento socio-intelectual e, desde 2009, investe na
abertura de bibliotecas com o apoio de entidades, empresas, programas sociais e
moradores das comunidades.
As cinco
primeiras bibliotecas da ONG funcionam no Rio de Janeiro, nas localidades de
Mesquita, Biquinha, Rosal, Bom Jesus do Itabapoana e Itaguaí.
Muitos polos de leitura
Em 15 de
janeiro, o Instituto C&A divulgou os projetos selecionados no edital de
apoio a polos de leitura do programa Prazer em Ler. Concorreram 168 inscritos
de 18 Estados e do Distrito Federal.
Os
projetos receberão R$ 250 mil cada um e serão desenvolvidos entre janeiro e
dezembro deste ano. Ao final, poderão ser renovados por mais dois anos, com
recursos entre R$ 200 e R$ 250 mil, conforme o monitoramento e avaliação do
programa. No total, o investimento de 2013 será de R$ 4 milhões entre recursos
financeiros e apoio técnico.
O
programa Prazer em Ler promove a formação de leitores por meio de ações continuadas
junto a polos de leitura. Os polos denominam projetos elaborados, geridos e
desenvolvidos coletivamente por ao menos cinco instituições sociais de base
comunitária que atendam crianças e adolescentes e sejam articuladas entre si.
Assim, é possível ampliar o alcance de ações, seja em um bairro, cidade ou
região.
Desde que
o programa foi criado em 2006, 100 bibliotecas comunitárias em 56 municípios de
22 Estados já foram apoiadas. Anualmente, isso significa levar o prazer em ler
a 40 mil crianças, 32 mil adolescentes e 26 mil integrantes da comunidade em
geral.
Volnei Canônica, coordenador do programa Prazer em Ler do Instituto
C&A, diz que “o apoio do instituto se dá por investimento financeiro e suporte
técnico nos eixos Espaço, Acervo, Mediação, Gestão, Incidência em Políticas
Públicas de Leitura e Comunicação e Visibilidade. Estes eixos são fundamentais
para a estruturação e a sustentabilidade de uma biblioteca comunitária. Existem
muitos municípios sem bibliotecas públicas e nas escolas ou com um número de
bibliotecas que não atende às necessidades da população. Então, as bibliotecas
comunitárias desempenham importante papel de democratização ao acesso do livro,
da leitura e da formação de leitores, além de se tornarem um espaço de fomento
cultural e de reflexão na garantia dos direitos à educação. Os polos de leitura
do programa Prazer em Ler também têm trabalhado para que os gestores públicos,
em conjunto com a sociedade civil, construam seus planos municipais do livro e
da leitura e na efetivação da lei 12.244/10, que decreta que todas as
instituições de ensino do País tenham uma biblioteca”.
* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e
escritor, criador desta coluna.