O futebol é o assunto da vez. Cresce e salta das
páginas do noticiário esportivo, não só pelo que rola em campo. Ao registro dos
gols dos campeonatos locais e internacionais, somam-se notícias das obras dos
novos (ou renovados) estádios e tudo o mais que diz respeito a elas: verbas,
prazo de entrega, infraestrutura do entorno, emprego, negócios e por aí afora.
A proximidade dos eventos esportivos internacionais
sediados pelo Brasil naturalmente nos levará a falar cada vez mais de futebol,
e por motivos bem variados.
Tais eventos nos darão inúmeras oportunidades para exercitarmos
boas práticas de cidadania em relação a temas que inexistem para muitos, ou que
ainda estão no plano da teoria para outros.
Habilidades e princípios
O governo federal criou o programa Brasil Voluntário e
vem orientando os candidatos a voluntário por meio de palestras e cartilhas. Há
quem fale em 100 mil voluntários. Outros, mais modestos, calculam entre 18 mil
e 22 mil pessoas exercendo as mais diferentes funções durante a Copa do Mundo.
Para a Copa das Confederações, considerada o grande
ensaio para a Copa, já em junho deste ano, estima-se o recrutamento de sete mil
voluntários. O número exato não importa, uma vez que, qualquer que seja o
evento, nenhuma das tarefas voluntárias prescindirá de asseio, boa
apresentação, bons modos, cordialidade, conhecimento e entendimento do que
fazer.
Esses predicados também valem para outros segmentos. A
indústria de serviços vem fazendo a sua parte, na esteira da organização
oficial. Contrata e treina pessoas para trabalhar nas atividades de turismo,
entretenimento, segurança. Há ainda de se preparar aqueles que trabalham na
área de transporte, público e particular. Também é recomendável não se descuidar
da área de saúde.
Mas, as habilidades operacionais são insuficientes frente
aos desafios que devem vir por aí. Pessoas comprometidas com a realização e o
sucesso de qualquer tipo de evento têm a obrigação de levar consigo princípios
de responsabilidade social e ética que, por sinal, deveriam guiar todas as
relações.
Mobilização social
Já há algum tempo, governo federal, organizações não
governamentais e empresas ligadas ao setor de turismo, além das associações que
as representam, estão desenvolvendo programas com foco no combate ao trabalho
infantil e à exploração sexual de crianças e adolescentes.
Diante da perspectiva de recebermos turistas de todos
os cantos do mundo, esses temas não são os únicos com os quais deveríamos nos
preocupar. No entanto, dada a vulnerabilidade física e psicológica de crianças
e adolescentes, são, sem dúvida, prioritários.
A Fundação Abrinq/Save the Children, organização
social que desde 1990 trabalha para que os direitos das crianças e adolescentes
sejam respeitados, lançou no final de janeiro a cartilha “Copa 2014 e
Olimpíadas 2016 – Juntos na proteção das crianças e adolescentes”.
A publicação tem o objetivo de mostrar como empresas,
municípios, organizações sociais e a sociedade podem prevenir situações de violação
de direitos de crianças e adolescentes antes e durante os megaeventos
esportivos no Brasil.
De linguagem acessível e clara em 20 páginas
ilustradas, a cartilha merece leitura atenta. Pode ser acessada pelo link:
http://sistemas.fundabrinq.org.br/biblioteca/acervo/cartilha_copa_olimpiadas.pdf
Outras organizações devem seguir o exemplo da
Fundabrinq/Save the Children. O momento é oportuno para também informar e
orientar o cidadão comum a respeito de questões comportamentais e práticas de
boa conduta social.
De agora em diante, é grande a probabilidade de, ao
dobrar qualquer esquina, nos depararmos com pessoas, costumes e atitudes
diferentes. Mesmo que não estejamos na linha de frente dos grandes
acontecimentos esportivos, precisamos saber como lidar com o desconhecido. Até
porque, às vezes, ele mora ao lado.
* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e
escritor, criador desta coluna.