28/04/2024

Clique aqui para ler a coluna Responsabilidade Social e Ética, o artigo Vestir azul, por Lucila Cano.

 
Reputação americana, green marketing e o papel do novo profissional de comunicação
29/10/2008 - 09:08:42
POR FERNANDA MANIERO E VERA IMAKUMA

A palestra que fechou a edição de 2008 da PRSA International Conference propôs uma reflexão diferente – e surpreendente – para os americanos: a necessidade urgente de cuidar da reputação do próprio país. Pesquisa conduzida pela BBC em janeiro de 2007 mostrou que a reputação dos Estados Unidos está hoje abaixo de países como Rússia e Coréia do Norte. O nacionalismo exacerbado dos americanos e as políticas restritivas adotadas pelos governantes após o 11 de setembro, não são vistos com bons olhos pelos demais países. O distanciamento e a falta de conhecimento dos norte-americanos sobre o restante do mundo criou uma imagem de um povo arrogante e alheio.
A discussão foi trazida por Lou Capozzi, presidente emérito da Publicis, e membro do conselho da BDA (Business for Diplomatic Action ou Comunidade Empresarial por uma Ação Diplomática). A entidade não-governamental tem como missão reverter a reputação negativa que os Estados Unidos têm hoje. O objetivo de Lou no congresso foi suscitar o debate entre os profissionais de PR, instigando-os a entender seu papel na recuperação da imagem do país.
Sugestões da platéia incluíram, desde alterações na grade curricular do ensino fundamental, ao incentivo para os jovens americanos passarem um período no exterior, trocando experiências e culturas. Os tópicos abordados levantaram, principalmente, a questão da mudança de comportamento dos americanos: se não é possível diminuir os procedimentos de segurança a um turista que entra nos Estados Unidos, é necessário que eles sejam feitos de uma maneira agradável, para que os estrangeiros se sintam bem-vindos. Sobre isso, Lou ironizou: “A imigração [americana] deveria fazer um curso com a Disney”.
A discussão ultrapassa a fronteira da comunicação porque esse é o real entendimento sobre o papel do profissional de PR. “Relações públicas não é sobre releases. É sobre pessoas. Por isso, é essencial que o profissional de PR tenha um cuidado redobrado, já que seu trabalho é influenciar pessoas”, afirmou Mitch Albom, palestrante do período da manhã, e autor de best-sellers mundiais como ‘As cinco pessoas que você encontra no céu’, ‘A última grande lição’ e ‘Por mais um dia’. No Brasil, lançados pela Editora Sextante e com mais de 500 mil exemplares.
Ao que parece, o último dia de congresso foi reservado para os assuntos polêmicos. Até mesmo o tema responsabilidade ambiental e sustentabilidade rendeu discussões. A palestra ‘Onda verde: a perfeita tempestade’ destacou a importância das empresas buscarem programas que levem em conta sua atividade econômica e impactos ambientais. Se não, correm o risco de serem encaradas com ceticismo pela opinião pública, como se estivessem seguindo um modismo para agradar seus públicos de interesse.
Já a apresentação ‘Como aproveitar as tendências de consumo e as mais efetivas técnicas para pautar a mídia ‘verde’’, mostrou que evoluiu a forma de comunicar as ações ambientais das empresas, já que a recente enxurrada de matérias tratando sobre o assunto parece ter cansado o consumidor. A edição da Times que trouxe na capa um especial sobre o 'Green Day' foi a terceira edição menos vendida da publicação em 2008.
Como alternativas de divulgação, as redes sociais também foram incluídas nas estratégias de comunicação dos programas de responsabilidade ambiental. Aliás, as ferramentas online dominaram o Congresso, dando mostras de que a comunicação digital entrou de vez na agenda das agências de comunicação corporativa. Este é o motivo do entusiasmo observado no primeiro dia de congresso: as ferramentas digitais ampliam o espectro de atuação dos profissionais de comunicação.
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